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A Colônia Japonesa em Ibaiti - Parte Final

Trecho retirado do livro IBAITI – UMA HISTÓRIA DE GILSON SARRAFHO

Redação
Por: Redação Fonte: Livro IBAITI – UMA HISTÓRIA (Clube de Autores)
19/09/2022 às 08h56 Atualizada em 19/09/2022 às 09h20
A Colônia Japonesa em Ibaiti - Parte Final
Colônia Japonesa reunida em Ibaiti - Foto: Acervo do Museu da História de Ibaiti Mário Yamanouye

Apesar de todas as dificuldades encontradas pelas primeiras famílias japonesas vindas para Ibaiti, seus membros eram unidos. A colônia realizava mutirões e todos se ajudavam. No início com a produção de café e depois com o plantio de trigo e mais tarde, batata. Em 1943, com o funcionamento da mina de carvão de Figueira e a mina de carvão da localidade do Carvãozinho, que ofereciam trabalho a grande número de mineradores, a região passou a receber mais famílias dos mais distantes pontos do país. Nesse ano, além da boa produção de batatinha e arroz, (foram mais de 10 mil sacas), as famílias cultivaram verduras e legumes, que eram em sua totalidade comercializadas para as famílias de mineradores e para a própria direção dessas minas. Alguns membros da colônia se utilizavam de carrinhos puxados por animais para levarem as produções até Figueira e Carvãozinho. Aos poucos, com muito trabalho, fé, dedicação e perseverança, os membros da colônia foram superando os obstáculos e organizando suas vidas. 

Com a necessidade de uma maior união das famílias em torno de uma entidade social e cultural e para manter suas raízes para seus descendentes, surgiu em maio de 1962 a Associação Cultural e Esportiva de Ibaiti, que ficou conhecida por Clube KaiKan, que na língua japonesa significa, "kai" (reunião) e "kan" (prédio). O primeiro presidente foi Seiji Hattanda, que ocupou o cargo por vários períodos.

 

A sede da ACEI foi construída na rua Padre Estevão Szulk e se consolidou como entidade social, cultural e esportiva e manteve por anos os principais eventos do calendário nipônico e nacional.

 

A ACEI Promoveu competições esportivas, peças teatrais, folclóricas, danças e intercâmbios culturais. A associação mantinha uma escola que ensinava os filhos dos descendentes japoneses o domínio do idioma japonês, como o objetivo de preservar suas raízes sem, no entanto, perderem a noção da realidade brasileira. A escola foi dirigida no ano de 1993 pela professora Itsuko Manabe. Nos anos de 1980, a ACEI também promovia as brincadeiras dançantes para os jovens de Ibaiti e região. O salão com piso de cimento era tomado pela juventude nas suas danças rodopiantes. No local também se realizavam os almoços típicos em que se podia encomendar um gostoso frango xadrez e como sobremesa o delicioso doce de feijão conhecido por manju. O velho prédio da ACEI ainda está em pé.

 

Shiro Hosoume, um dos pioneiros da colônia japonesa em Ibaiti, também se dedicou a implantação e ao desenvolvimento do município. Formado em agronomia, veio para o Brasil em 1935, juntamente com a esposa Shige e cinco filhos. Passaram a trabalhar na agricultura no município de Duartina (SP). Através do amigo Mitio Otogashi tomou conhecimento das terras de Barra Bonita e da formação da Colônia Amora Preta.

 

Em 1941, chegou com a família em Barra Bonita. Adquiriu, às prestações, 10 alqueires de terra do lote de nº 31 da subdivisão da Fazenda Amora Preta do quinhão 12-B da Fazenda Jaboticabal ou Marimbondo onde formou lavoura de café e cereais. A planta original do lote pertence ao acervo do Museu Histórico. Foi Líder nato e dotado de alto espirito de religiosidade, fazia preces ao amanhecer e ao entardecer, pedindo paz, saúde e prosperidade para todos os moradores. Na época da 2ª Guerra Mundial, se concentrava horas e horas em orações pedindo a paz mundial.

 

Shiro Hosoume Fazia reunião com os moradores para solucionar problemas de falta de estradas. De forma prestativa e sem nada cobrar, vacinava as pessoas contra a maleita e aplicava medicamentos. Fazia orações pelos enfermos e benzimentos que resultavam em curas. Passou a ser chamado de “padre japonês” e tornou-se conhecido em toda a região.

 

Em 1945, já no final da Segunda Guerra Mundial, Shiro Hosoume foi preso em sua residência na Colônia Amora Preta por policiais da DOPS - Delegacia de Ordem Política e Social da Polícia Civil do Paraná, somente por ser de nacionalidade japonesa e por possuir altos conhecimentos técnicos. Ele era engenheiro agrônomo e líder dos moradores do bairro. No ato da prisão, Shiro Hosoume despediu-se da esposa e dos filhos, pois não sabia quando voltaria para casa.

 

O trabalhador japonês foi conduzido até a cidade de Ibaiti em uma carroça, pois não havia carro de polícia na época no município. Já na sede regional da Polícia Civil, juntamente com os amigos Hatanda, Sugiyama, entro outros, prestaram depoimentos se declarando idôneos. Foram libertados e receberam um documento de Salvo Conduto. O Salvo Conduto de Shiro Hosoume foi assinado pelo delegado da DOPS, Antônio F. Camargo no dia 19 de janeiro de 1945. O documento faz parte do acervo do Museu Histórico de Ibaiti.

 

Em 31 de outubro de 1976, considerado um exemplo de personalidade e por ter honrado as suas tradições, Shiro Hosoume recebeu do governador da Província de Yamagata no Japão, um ornamento em prata simbolizando os 51 anos do período Showa, correspondente ao reinado do Imperador Showa Hirohito que governou o Japão de 25 de dezembro de 1926 até 7 de janeiro de 1989. O objeto está em exposição no Museu Histórico. Shiro Hosoume faleceu em 1955, com apenas 59 anos de idade. Muitos de seus objetos pessoais incluindo os baús com a bagagem que trouxe do Japão na década de 1930, atualmente pertencem ao Museu Histórico.

 

O marco da Seicho-No-Iê no patrimônio da Amora Preta e o clube KaiKan na cidade, são dois monumentos históricos da colonização japonesa que ainda podem ser visitados em Ibaiti. 

 

O fato desses símbolos serem esquecidos pelos moradores e, principalmente o marco da Seicho-No-Iê no Brasil no bairro Amora Preta, ser ainda desconhecido, principalmente pelos jovens e estudantes do município, chama a atenção no sentido de que é preciso resgatar a história da terra onde vivemos. Para que haja amor pela terra em que se vive, é necessário que seus habitantes conheçam a epopeia da colonização, desde os seus primeiros dias. São os exemplos de luta, abnegação, coragem e fé dos pioneiros que despertaram o amor e orgulho pela terra.

 

Apesar dos grandes desafios, a comunidade japonesa em Ibaiti cresceu e prosperou. Em 1988, um dos pioneiros da colonização japonesa na região, o empresário Hiroshi Shiomi foi candidato a prefeito de Ibaiti. Ele foi derrotado por Marlei Ferreira por 4.751 a 4.494 votos.  Hiroshi ainda foi vereador no município na sexta legislatura entre os anos de 1968 a 1972. Ele também foi candidato a deputado estadual. Hiroshi faleceu em 15 de julho de 2014. Na época, o prefeito Roberto Regazzo decretou três dias de luto oficial em sua homenagem.

 

Vários objetos, fotos e documentos históricos da antiga Colônia Japonesa podem ser vistos no Museu da História de Ibaiti Mario Yamanouye.

Todos foram gentilmente cedidos pela família Hosoume.

Ibaiti - Contando a História
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Neste blog, o autor irá publicar fatos que marcaram a história do município de Ibaiti. Os textos são do livro IBAITI - UMA HISTÓRIA.
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